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Camaçari, BA
Os vereadores de Camaçari debateram, em audiência pública realizada nesta segunda-feira (09/06), aspectos relacionados à promoção da agenda de reciclagem plástica. A atividade foi proposta pelo vereador Dentinho do Sindicato (PT) e contou com a presença de representantes de empresas como Braskem e Solos, além de participação do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado da Bahia (Sindplasba).
Para o vereador Dentinho do Sindicato, a discussão é importante e nasce de uma necessidade urgente de defesa do meio ambiente, no sentido de garantir a gestão adequada do descarte de em embalagens plásticas. “Também precisamos pensar na questão da geração de emprego e renda dentro da cadeia da reciclagem e do consumo circular. Precisamos avançar no que diz respeito a preservação ambiental e um desenvolvimento sustentável. Queremos mostrar à população que o plástico não contamina, mas ele precisa ser descartado de forma correta. Que bom que temos a presença de pessoas que fazem parte desse ramo da indústria para que possamos fazer um debate qualificado”, afirmou.
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A gerente de relações institucionais da Braskem, Magnólia Borges, falou sobre a tradição da economia linear para a economia circular. “Temos uma ampla atuação na produção de embalagens circulares e educação ambiental visando a conscientização do consumidor. Entendemos que é preciso trabalhar juntos para que isso seja possível, não somente indústria, ou poder público ou consumidor. Precisamos da conscientização de todos os entes envolvidos”, destacou.
Por sua vez, o diretor do Sindicato das Indústrias de Material Plástico da Bahia (Sindiplasba), Valdevino Souza, disse que esse é um momento crucial para reafirmar a importância do plástico não apenas como matéria prima, mas como elemento vital para o desenvolvimento econômico e social do país. “O plástico é fundamental para o nosso dia a dia, para inovações que melhoram a nossa qualidade de vida. Nesse contexto, a reciclagem é muito importante pois transforma resíduos em novos recursos. Essa não é apenas uma necessidade ambiental, mas uma oportunidade de desenvolver soluções que reduzam desperdícios, criando também oportunidades de trabalho”, acrescentou.
O presidente executivo da Abiplast, associação que representa fabricantes e recicladores de plástico, Paulo Teixeira, mostrou a complexidade do processo de reciclagem de plástico e lembrou que 99% do que é usado no na indústria é plástico. “Somos o quarto maior empregador da indústria de transformação brasileira. Para se ter uma ideia do tamanho disso, no Brasil temos 14,1 mil empresas atuando nessa área. São 378 mil empregos. Um total de mais ou menos 70 milhões de toneladas de produtos plásticos fabricados, R$ 10,5 bilhões de investimento ao ano. De plásticos reciclados, temos 939 mil toneladas, sendo 24,3% das embalagens recicladas. Na Bahia, o plástico é o terceiro maior empregador, ultrapassando o cenário nacional”, informou. Ele explicou que algumas fake News sobre o plástico podem prejudicar o setor e destacou que o poder público pode tomar algumas medidas que ajudarão a fazer esse consumo consciente. “O poder público pode incentivar o uso de produtos que contenham conteúdo reciclado, pode oferecer isso como disciplina em escolas para mudar o perfil do consumidor, pode se articular juntamente com empresas no sentido de vender esses resíduos, evitando aterrar esses materiais, por exemplo. Algumas ações são difíceis, a gente sabe, mas é preciso começar”, afirmou.
Também fez uso da palavra a fundadora da Solos, startup que apoia territórios e marcas nos seus desafios relacionados à economia circular, Saville Alves, que trouxe dados sobre reciclagem no Brasil e sobre a atuação em Camaçari. “O Brasil gera 80 milhões de toneladas de lixo ao ano, sendo que recicla de 4% a 8% disso e 90% da reciclagem vem da coleta de dois milhões de catadores. Se a gente quer aumentar esse número, precisamos capacitar pessoas para fazer esse serviço. Tentamos contribuir para que isso aconteça e que a gente consiga fazer com que o lixo faça parte da solução. O plástico gera a maior rentabilidade para as cooperativas, sendo responsável sozinho por, em média, 35% da sua renda. A reciclagem pode ser ser uma ferramenta de ascensão social, incluindo cidadãos em uma atividade que gera renda e que ajuda o meio ambiente”, informou.
Também participaram do debate trazendo contribuições sobre o tema o diretor presidente da Limpec, Júnior Borges, que falou sobre a atuação e dos desafios do município para promover a gestão adequada dos resíduos e a educação ambiental; o secretário de Serviços Públicos, Hindemburgo Teles, que defendeu a monetização da cadeia do resíduo para que ela se torne vantajosa para os entes envolvidos; o presidente da Associação Empresarial do Polo Plástico de Camaçari (AEPC), Fernando Muniz; o representante do Sindiquímica e de CUT, Alfredo Santana, que também defendeu, dentre outras questões, o fomento econômico para que a reciclagem seja efetivamente possível e a oferta de condições de trabalho para as pessoas; e a deputada federal, Ivoneide Caetano.
A população também participou pontuando questões relacionadas à participação dos sindicatos na transição da economia linear para a economia circular, a garantia dos direitos dos trabalhadores envolvidos no processo de reciclagem, a inserção do setor plástico na transição energética do setor industrial, dentre outras questões que foram abordadas pelos palestrantes.
